Um Informativo Mensal
Uma reflexão sobre inovações e tradições.
Inovações são sempre vistas com maus olhos quando recaem sobre tradições milenares. Há, muito naturalmente, o medo por parte das pessoas que prezam por essas tradições de que elas sejam corrompidas por quaisquer mudanças. A história nos mostra, contudo, que se não fosse pelo saneamento de inovações promovidas por pessoas de visão mais abrangente, muitas tradições teriam perdido sua força de atuação nas sociedades.
Mesmo restringindo o escopo dessa análise à tradição Vedanta, da qual fazemos parte, podemos facilmente ver como as inovações que permearam a história dessa tradição foram responsáveis por mantê-la viva até os dias de hoje.
O antigo mestre Vyasa dividiu o Veda, que originalmente era um único, em quatro (Rik, Yajus, Sama e Atharva), para facilitar sua memorização pelas pessoas que, segundo a visão do sábio, estavam perdendo a capacidade de memória. Ainda que essa inovação tenha provavelmente impedido que muitos mantras tenham se perdido ao longo do tempo, não é absurdo imaginar que Vyasa tenha sido criticado pelos conservadores da época: “Dividir o Veda, o sagrado Veda! Quem ele pensa que é? Esse negócio de sábio lhe subiu à cabeça!”
Adi Shankaracharya comentou por escrito as principais Upanishads, Bhagavad-Gita e Brahma-Sutra, abarcando todos os principais tópicos a serem explicados em Vedanta. Antes dele não haviam comentários escritos, que ficavam restritos à boca do professor durante a aula, seguindo a praxe de uma tradição oral. A inovação de Shankara, com suas aulas tão claras quanto concisas impressas nas folhas de palmeira, permitiu que a interpretação correta de passagens difíceis e essenciais das escrituras não se perdesse no tempo. Ainda hoje o estudo tradicional é feito nos ashrams através da leitura palavra por palavra dos comentários de Shankara, que servem de guias seguros para que o professor elabore sobre o tema sem o perigo de perder de vista o ponto principal que a escritura pretende ensinar. A importância desses comentários, entretanto, há de ter sido menosprezada pelos conservadores contemporâneos de Shankara que, talvez, tenham até mesmo o acusado de desvirtuador da tradição: “Escrever aula para quê? Para facilitar a vida das pessoas? Isso é um absurdo! Vedanta deve ficar tão inacessível quanto possível, para que apenas as pessoas realmente interessadas tenham acesso!”
Mas não precisamos ficar imaginando as reações das pessoas às inovações promovidas por mestres da antiguidade, pois temos exemplos do nosso passado imediato testemunhado por nossos próprios professores.
Swami Chinmayananda, mestre de Swami Dayananda, foi quem pela primeira vez ensinou Vedanta de maneira aberta e sistemática em língua estrangeira (inglês) para ocidentais, incluindo ocidentais do sexo feminino, o que foi um escândalo para os conservadores de então. As aulas de Vedanta desceram dos rincões do Himalaia e ganharam, junto com as grandes cidades ao redor do mundo, os ouvidos de quem quer que estivesse interessado em ouvi-las. Um desses ouvidos foi os da professora Glória Arieira, no Rio de Janeiro, pioneira brasileira no estudo tradicional de Vedanta, sem a qual nenhum de nós teria tido acesso a essa tradição de ensino.
Swami Dayanada, que deu prosseguimento ao trabalho do seu mestre mesmo debaixo de críticas de grandes figuras do Hinduísmo, conduziu pessoalmente inúmeros cursos residenciais de longa duração (3 anos), formando centenas de professores de diversas nacionalidades, espalhando definitivamente pelo mundo a tradição de Vedanta que, hoje em dia, para horror dos conservadores e tradicionalistas, não está mais confinada às fronteiras da Índia.
No fim dessa história está o Jonas, com a inovação principal de transmitir o conhecimento de forma tradicional através da internet, usando tudo o que a tecnologia moderna tem a oferecer para encurtar a distância entre as pessoas interessadas no conhecimento e o próprio conhecimento. Afinal, por que alguém do Acre, do Amazonas, de Pernambuco ou do interior de Minas Gerais deveria ser privado da possibilidade de estudar se, hoje em dia, a aula e o contato em tempo real com o professor podem se dar perfeitamente em um ambiente virtual? Mesmo com aluno e professor morando na mesma cidade, os problemas de deslocamento nas grandes metrópoles nos horários de pico é tão grande que o aluno prefere assistir a aula na sua casa pela Internet e, com isso, ganhar 3 horas por semana que perderia preso no trânsito, indo e voltando.
Mantendo a tradição de seus professores, Jonas e o Vishvavidya seguem inovando e atraindo muitas críticas das pessoas que confundem tradição com resistência cega às mudanças irreversíveis do mundo. Essas pessoas se esquecem que elas mesmos só estudam hoje porque décadas atrás um indiano tradicional resolveu quebrar o protocolo ensinando em Inglês para mulheres; que há séculos outro indiano tradicional resolveu inovar documentando por escrito o significado dos mantras das Upanishads e que, séculos antes dele, outro indiano mais do que tradicional resolveu dividir o Veda em quatro. Elas, incapazes de entender que manter a tradição viva também significa adaptá-la às necessidades dos tempos, se escandalizaram quando começamos a transmitir aulas online e continuarão se escandalizando com as próximas inovações que faremos, como a transmissão das aulas ao vivo em 360 graus que começará agora no mês de Setembro no nosso já tradicional Curso Online Grátis, intitulado este ano de Samvada, permitindo uma maior imersão do aluno no ambiente virtual. Nós já sabemos o que as pessoas dirão: “Isso é um absurdo, um golpe de marketing! Vedanta não é entretenimento, nem um negócio, é um estudo sério! Onde esse menino está com a cabeça!?” Lembrando dos grandes mestres atrás de nós, essas críticas são recebidas como elogios. Falem mais alto, por favor!
Harih om!
Na Bhagavad-Gita, ao descrever o conhecimento de Vedanta como o maior de todos os segredos (raja-guhyam), o mestre Shri Krishna não quer com isso dizer que tal conhecimento seja mantido longe dos ouvidos do público, guardado a sete chaves como a receita da Coca-Cola, mas que a sua natureza é tal que, mesmo sendo abertamente contado, ele permanece inacessível, incompreendido, não só por interpretações equivocadas de mentes individuais mas por tradições de ensino que fazem do erro uma linhagem.
Esses erros tradicionais ou mitos, se podemos chamá-los assim, devem ser compreendidos por nós para que nosso próprio entendimento sobre o assunto se torne mais claro, livre dos mal entendidos que inevitavelmente geram essas interpretações na mente de uma pessoa. Por isso, vamos analisar aqui cinco mitos:
Muitas pessoas, mesmo Mahatmas vestidos de laranja e com centenas de discípulos, propagam a ideia de que o autoconhecimento é alcançado através da meditação. Podemos entender por que esse erro é tão difundido a ponto de ter virado um mito quase onipresente na cabeça das pessoas envolvidas na busca espiritual.
A razão é a seguinte. As palavras usadas por Vedanta para revelar a natureza do sujeito, como “imutável”, “eterno” e “ilimitado” não possuem por si mesmas um significado. Nada é realmente compreendido quando ouvimos a palavra “eterno”, a não ser quando a usamos em sentido metafórico, quando, por exemplo, dizemos que esperamos na fila do banco “por uma eternidade”. Contudo, ainda que a palavra eterno não indique realmente nenhuma coisa no universo, parece que a compreendemos meramente pelo fato de ser uma palavra conhecida do vocabulário. Nossa conclusão natural então é: “Eu entendi que o Eu é eterno, isso está claro. Agora eu preciso realizá-lo.” As pessoas passam então a buscar uma experiência do eterno, do imutável, do ilimitado, geralmente através da prática da meditação.
Isso é realmente uma pena, porque a pessoa fica comprometida com uma meta impossível de ser alcançada. Ninguém pode experimentar o eterno, porque toda experiência, para ser experimentada, deve ter um começo e, portanto, será sempre limitada pelo tempo. A única coisa experimentada por alguém que quer experimentar o eterno é uma eterna frustração.
A causa desse erro é a incompreensão do funcionamento das palavras usadas para revelar o sujeito, que não possuem um significado pela sua mera pronúncia, mas ganham significado através do contexto criado pelo método correto de ensino. Outra incompreensão fundamental que possibilita esse erro é a noção de que uma ação limitada pode ter como consequência um resultado ilimitado. A meditação é uma ação mental, feita com algum esforço por uma pessoa durante um certo tempo, e tem como resultado uma paz mental proporcional. Se paramos de praticar meditação, mesmo que tenhamos praticado com afinco por muitos anos, a mente, depois de um tempo determinado necessário para que a inércia da prática acabe, volta ao seu estado mais agitado e disperso. Não é possível atingirmos um estado definitivo de paz imutável e eterna por qualquer esforço, físico ou mental.
O meio para o autoconhecimento, assim como para qualquer tipo de conhecimento, é a aplicação de um meio de conhecimento adequado, e não uma ação. Assim como, estando com os ouvidos disponíveis, não há nenhum esforço ou ação envolvida no ato de conhecer um som ou uma palavra, da mesma forma o sujeito é conhecido pela exposição às palavras de Vedanta – o meio de conhecimento para a natureza do conhecedor – comunicadas, é claro, por um professor competente, que saiba como usar essas palavras para além do seu significado imediato.
Como todo erro tradicional, esse mito também tem origem na compreensão literal das frases de ensinamento de Vedanta. A Kenopanishad, explicando a natureza do Eu, diz:
“yanmanasa na manute – aquilo que não é compreendido pela mente; yena ahur mano matam – (mas) por meio do qual, dizem, a mente é compreendida”.
O que as pessoas entendem disso? “O conhecimento do Eu, revelado por Vedanta, transcende a mente ou intelecto”. Transcender a mente ou intelecto significa, para todos os efeitos, que as pessoas simplesmente se eximem da tarefa de ter que pensar para ingressar em todos os tipos de viagens espirituais disponíveis: invertida sobre a cabeça, jejum, meditação da chama dourada e assim por diante.
O interessante de se notar é que toda essa ideia mística de transcender a mente vem de um apego à primeira parte da sentença Védica, “Aquilo que não é compreendido pela mente”, mas ignora solenemente a segunda parte, a moral da história: “mas, por meio do qual, dizem, a mente é compreendida”.
A mente compreende objetos e não pode, por princípio, compreender aquilo que compreende a mente, isto é, o sujeito. Mas o sujeito é aquilo que, sendo auto-evidente, evidencia os próprios pensamentos da mente, não precisando ser evidenciado ou objetificado por meio de um pensamento. O sujeito pode ser compreendido sem ser objetificado, porque ele não precisa sê-lo! A única coisa necessária é discriminar esse princípio auto-evidente que eu já sou daquilo com que ele é identificado por ignorância: os atributos do corpo e da mente, objetos da minha percepção. Eliminada a ignorância que causa essa confusão entre sujeito e objeto, não é preciso “transcender” a mente!
“Se transcendente significa alguma coisa”, brincava Swami Dayananda, “é aquilo que está além dos dentes.” Sábias palavras.
Aqui, novamente, existe um verso tradicional que, mal compreendido, causa a propagação desse mito:
“Mauna-vyakhya-prakatita-parabrahma-tattvam – Aquele por quem a verdade última é ensinada através de uma explicação silenciosa”.
Esse verso fala sobre Dakshinamurti, o primeiro professor, Guru mesmo dos primeiros gurus. Ele diz que Dakshinamurti ensina através do silêncio, mas o que isso significa? O que quer que seja, o significado desse “silêncio” não pode ser literal porque da ausência de explicações nada novo pode ser entendido. Se você não entende algo o mero silêncio não irá lhe ajudar! Mas essa obviedade não impede as pessoas de fantasiarem coisas. Existe toda uma tradição espiritual de que a “iluminação” pode vir do toque do Guru, do olhar do Guru, da mera presença do Guru...
O mal entendido aqui é de que maunam, o silêncio, significa ausência de ensinamento quando, na verdade, quer dizer aquilo que fica indicado pelo sentido implicado das (muitas!) palavras ditas no ensinamento. Quando, por exemplo, afirmo, “Fulano tem uma casa na praia”, o que as palavras estão literalmente dizendo é que o Fulano possui uma casa na praia propriamente dita, na areia. Contudo, o sentido implicado ou não-literal dessas palavras, no nosso próprio senso comum, nos diz, para além do sentido literal das palavras ditas, que Fulano tem uma casa em uma cidade litorânea, perto do mar e da areia. Esse sentido implicado é entendido silenciosamente, mas só depois que as palavras foram ditas.
De modo similar, o que Vedanta revela é compreendido no silêncio significativo que sobra depois de todo ensinamento ter desdobrado cuidadosamente, através da criação de um contexto específico, o sentido implicado de palavras como existência, sat, consciência, cit, e felicidade, ananda. Antes disso ser feito, qualquer silêncio por parte do professor é apenas expressão de ignorância ou má-fé.
Palavras como brahmananda ou paramananda – felicidade ilimitada ou felicidade suprema – usadas dentro do ensino de Vedanta deram origem ao mito de que a liberação, moksha, é uma experiência de felicidade, mas não qualquer felicidade. Assim como há a felicidade do sorvete, do chocolate, do dinheiro, das viagens, dos relacionamentos, da mesma maneira, imaginam as pessoas, existe uma felicidade especial, a felicidade de Brahman! A busca pela liberação torna-se a busca por uma experiência de felicidade incomum, uma felicidade suprema, mística, um sentimento de gozo eterno ou algo do tipo.
Se a busca pela felicidade comum que o mundo nos oferece através dos seus vários objetos desejáveis já é difícil o suficiente, exigindo de nós muito esforço e dor de cabeça, o quão mais complicada não será a busca por essa outra felicidade, uma felicidade suprema, infinita? Quanto esforço eu terei que fazer? Um esforço infinito! Infelizmente, muitas pessoas vivem essa fantasia. Renunciam aos “prazeres mundanos”, à vida comum da sociedade e dos relacionamentos para viverem praticamente isoladas buscando uma experiência de felicidade duradoura, infinita, através de uma vida de disciplinas.
Não que a vida de disciplinas seja ruim, mas o pensamento de que meditando 8 horas por dia eu alcançarei por fim um estado de felicidade suprema, de êxtase eterno que nunca mais será perdido é uma conclusão infeliz. Qualquer experiência de felicidade alcançada por qualquer meio é uma modificação mental como qualquer outra, fadada a se modificar com o tempo e encontrar seu fim.
O que em geral não compreendemos é que qualquer experiência de felicidade é a experiência da felicidade que é a natureza do sujeito ou brahma-ananda. Não existe realmente a felicidade do sorvete, do dinheiro, das viagens ou dos relacionamentos. Nenhuma dessas coisas contém em si felicidade. Mesmo que você goste muito de sorvete, ele só é sinônimo de felicidade até o terceiro ou quarto. A partir do quinto seu estômago irá doer e o mero pensamento de sorvete será sinônimo de dor, sofrimento. Se a felicidade não está no objeto em si, só pode estar no sujeito.
Essa felicidade que é a natureza do sujeito é o que nós já experimentamos, em diferentes graus, em qualquer experiência mundana de felicidade. A “felicidade suprema” é o entendimento de que essa plenitude que chamamos felicidade é a natureza do Eu e não é oposta a nenhuma experiência. Mesmo a raiva ou tristeza só podem ser experimentadas a partir de uma plenitude básica. Sem a conexão fundamental com todas as coisas, não é possível que elas despertassem em nós nenhum sentimento. Apenas isso que sustenta todos os sentimentos e experiências pode ser eterno, seguro, livre de modificação. Apenas compreensão disso pode ser a liberação do sofrimento, moksha, e não algum sentimento específico cultivado por mim.
Estar apegado a um sentimento específico, preso pela necessidade de mantê-lo a qualquer custo, é o que é chamado samsara, uma vida de constante infelicidade.
Por fim, temos este mito que talvez seja o mais moderno dos cinco citados aqui, e talvez também o mais polêmico deles. Ele deriva a força da sua suposta auto-evidência da noção humanista ou democrática que está tão impregnada e é tão cara a nós no mundo contemporâneo. Pois parece realmente um absurdo alguém clamar exclusividade sobre a liberação do sofrimento, clamando que apenas o seu “caminho” possa levar a isso a que todos os seres humanos têm direito.
Mas que todas as pessoas tenham direito à liberação não é algo de que Vedanta discorde, em absoluto. Vedanta, inclusive, vai além, dizendo que, não só todas as pessoas têm direito à liberação, mas elas já são livres! O Eu já é livre, e esse fato deve ser entendido pelas pessoas. Libertação só pode ser o entendimento de que o Eu não poder aprisionado. Não há possibilidade de você ser livre se você está sujeito a perder a liberdade pois quem garantirá que você permanecerá livre depois de alcançar uma liberação que antes você não possuía? O que impede que você caia de novo na prisão, se uma vez você já caiu?
A liberdade definitiva, isso que ansiamos no íntimo do nosso coração, só é possível caso essa liberdade já seja a nossa natureza e a conclusão de que estamos aprisionados, limitados por várias carências, seja uma conclusão falsa, causada por ignorância.
Este fato estando entendido, a pergunta que se faz é: pode a ignorância ser eliminada por qualquer outro meio que não o conhecimento? Pode a escuridão ser dispersada por qualquer outra coisa que não a luz? Realmente, não é possível.
Assim, dizer que apenas pelo conhecimento uma pessoa pode alcançar a liberação não é nenhuma afirmação ditatorial por parte de Vedanta, mas um fato. Você não pode ser acusado de antidemocrático ou tirano opressor por afirmar que dois mais dois são quatro e apenas quatro! É uma questão de lógica.
Da mesma forma, a afirmação de que apenas o conhecimento pode libertar uma pessoa da sua noção de limitação é algo estabelecido logicamente, para além de quaisquer dúvidas, além de ser uma afirmação do próprio Veda. Não há nenhum outro meio possível.
Há, apesar disso, o mito difundido de que existem vários caminhos para diferentes tipos de pessoa. Para a pessoa de inclinação devocional há a prática da devoção, bhakti-yoga, que envolve cânticos em louvor de Deus, repetições dos nomes de Deus, etc. Para a pessoa mais inclinada para a ação no mundo, há a prática de karma-yoga, que envolve a “ação desinteressada”, feita sem o apego ao resultado da ação (essa definição de karma-yoga é por si só mais um mito, que merece explicações mais detalhadas em outra oportunidade). Para as pessoas mais introspectivas existe raja-yoga, a prática da meditação e do samadhi. E, por fim, para as pessoas de inclinação intelectual existe o caminho do conhecimento, jñana-yoga!
Essa noção de diferentes caminhos é simplesmente falsa. Ainda que a devoção, que implica na atitude de karma-yoga e também na prática de meditação, seja parte importante de uma vida dedicada ao autoconhecimento, isso não significa que essas coisas substituam o conhecimento como meio direto para a eliminação da ignorância e consequente liberação do sofrimento. Ainda que a panela, a água e o gás sejam indispensáveis para cozinharmos arroz, isso não significa que existam vários meios para o cozimento. Apenas o fogo (calor) cozinha. Apenas o conhecimento liberta.
Harih om!
Confira aqui os artigos publicados no mês de agosto pelo vedanta.life:
Mahāvākhya (lit. “grande afirmação”) são as sentenças de Vedānta que revelam a identidade do indivíduo com o todo, Deus, a causa da criação. Tradicionalmente são citados quatro Mahāvākhyas, um de cada Veda, para substanciar a compreensão de que aquilo que todas as escrituras de Vedānta pretendem revelar é de fato a identidade entre indivíduo, jīva, e Deus, Īśvara...
https://www.vedantaonline.org/mahavakhya/
No estudo de Vedanta – assim como no resto na vida – não há confusão maior do que misturar ordens de realidade distintas. Se você sonha que uma pessoa briga injustamente com você, por mais que o sonho tenha aparentado ser muito verdadeiro e você tenha...
https://www.vedantaonline.org/as-tres-ordens-de-realidade/
Faleceu hoje, 08/08/2016, em Chennai, Índia, aos 78 anos, o notório professor de yoga T.K.V Desikachar, filho de T. Krishnamacharya, o responsável pela popularização do yoga no ocidente através, principalmente, de seus alunos Pattabhi Jois e B.K.S Iyengar...
https://www.vedantaonline.org/o-legado-de-t-k-v-desikachar/
Confira aqui a tradução em português de Mantras e Versos famosos na tradição!
Neste mês, trazemos a tradução, palavra por palavra, de um famoso stotram cantado para Gaṇeśa que elimina tosdos os obstáculos, materiais e espirituais, de quem o canta: Saṃkaṭa-Nāśana-Gaṇeśa-Stotram.
संकट-नाशन-गणेश-स्तोत्रम्
Saṃkaṭa-nāśana-gaṇeśa-stotram
Os versos de Gaṇeśa que eliminam os obstáculos
नारद उवाच
nārada uvāca
Nārada disse
प्रणम्य शिरसा देवं गौरीपुत्रं विनायकम् । भक्तावासं स्मरेन्नित्यमायुःकामार्थसिद्धये ।।१।।
praṇamya śirasā devaṃ gaurīputraṃ vināyakam । bhaktāvāsaṃ smarennityamāyuḥkāmārthasiddhaye ।।1।।
Tendo saudado com a cabeça, que uma pessoa se lembre sempre do brilhante filho de Gaurī, o removedor dos obstáculos e a morada dos devotos, para o alcance de longa vida, prazer e bens materiais.
प्रथमं वक्रतुण्डं च एकदन्तं द्वितीयकम् । तृतीयं कृष्णपिङ्गाक्षं गजवक्त्रं चतुर्थकम् ।।२।।
prathamaṃ vakratuṇḍaṃ ca ekadantaṃ dvitīyakam । tṛtīyaṃ kṛṣṇapiṅgākṣaṃ gajavaktraṃ caturthakam ।।2।।
Primeiro, aquele cuja tromba é torta e, segundo, aquele que tem um dente. Terceiro, aquele cujo veículo é um rato escuro [e], quarto, o cara de elefante.
लम्बोदरं पञ्चमं च षष्ठं विकटमेव च । सप्तमं विघ्नराजम् च धूम्रवर्णं तथाष्टमम् ।।३।।
lambodaraṃ pañcamaṃ ca ṣaṣṭhaṃ vikaṭameva ca । saptamaṃ vighnarājam ca dhūmravarṇaṃ tathāṣṭamam ।।3।।
Quinto, aquele que tem uma grande barriga e, sexto, o Enorme. Sétimo, o Rei dos obstáculos e, por fim, aquele que é cinza em oitavo.
नवमं भालचन्द्रं च दशमं तु विनायकम् । एकादशं गणपतिं द्वादशं तु गजाननम् ।।४।।
navamaṃ bhālacandraṃ ca daśamaṃ tu vināyakam । ekādaśaṃ gaṇapatiṃ dvādaśaṃ tu gajānanam ।।4।।
Nono, Aquele que tem na testa o símbolo da lua crescente e, décimo, o Removedor de Obstáculos. Décimo primeiro, o Chefe dos Gaṇas e, décimo segundo, o Cara de Elefante.
द्वादशैतानि नामानि त्रिसंध्यं यः पठेन्नरः । न च विघ्नभयं तस्य सर्वसिद्धिकरं प्रभो ।।५।।
dvādaśaitāni nāmāni trisaṃdhyaṃ yaḥ paṭhennaraḥ । na ca vighnabhayaṃ tasya sarvasiddhikaraṃ prabho ।।5।।
Ó Senhor, estes doze nomes são a causa de todo o sucesso para aquela pessoa que recitá-los três vezes ao dia (na aurora, meio-dia e crepúsculo). Para ela não existe medo de obstáculo.
विद्यार्थी लभते विद्यां धनार्थी लभते धनम् । पुत्रार्थी लभते पुत्रान् मोक्षार्थी लभते गतिम् ।।६।।
vidyārthī labhate vidyāṃ dhanārthī labhate dhanam । putrārthī labhate putrān mokṣārthī labhate gatim ।।6।।
O buscador de conhecimento alcança o conhecimento, [e] o buscador de riqueza alcança riqueza. Aquele que quer filhos ganha filhos [e] aquele que deseja libertação alcança os meios (para libertação, como professor, mente qualificada, etc.)
जपेद्गणपतिस्तोत्रं षड्भिर्मासैः फलं लभेत् । संवत्सरेण सिद्धिं च लभते नात्र संशयः ।।७।।
japedgaṇapatistotraṃ ṣaḍbhirmāsaiḥ phalaṃ labhet । saṃvatsareṇa siddhiṃ ca labhate nātra saṃśayaḥ ।।7।।
Que uma pessoa repita os versos para Gaṇapati por seis meses e ela alcançará o resultado e, [se ela repetir] por um ano, ela alcançará o sucesso. Nisso não há dúvida.
अष्टभ्यो ब्राह्मणेभ्यश्च लिखित्वा यः समर्पयेत् । तस्य विद्या भवेत्सर्वा गणेशस्य प्रसादतः ।।८।।
aṣṭabhyo brāhmaṇebhyaśca likhitvā yaḥ samarpayet । tasya vidyā bhavetsarvā gaṇeśasya prasādataḥ ।।8।।
Tendo escrito (os nomes de Gaṇapati), aquela pessoa que os oferecer para oito Brāhmaṇas terá todo conhecimento pelas bênçãos de Gaṇeśa.
इति श्री नारदपुराणे संकटनाशन-गणेश-स्तोत्रं संपूर्णम् ।
iti śrī nāradapurāṇe saṃkaṭanāśana-gaṇeśa-stotraṃ saṃpūrṇam ।
Assim se completa os versos de Gaṇeśa que eliminam os obstáculos presentes na Nārada-Purāṇa.
6, 8, 13 e 15 de Setembro (terças e quintas) às 19h
16 a 18 de Setembro (sexta a domingo)
17 de Setembro (sábado, durante o Encontrão) às 10h
18 de Setembro (domingo, durante o Encontrão)
19 de Setembro (segunda) às 19h